REPORTAGEM ESPECIAL - EDUCAÇÃO: Recorrência do bullying tem causado medo e insegurança quanto ao futuro.

terça-feira, maio 08, 2018


Uma pesquisa feita pela UNICEF aponta que atualmente aproximadamente 130 milhões de estudantes sofrem com os assédios.

Foto: Shutterstock
Nos últimos anos o bullying tem sido recorrente principalmente em escolas. Anteriormente conflitos entre crianças não eram considerados tão relevantes a ponto de serem tratados como prioridades dentro do ambiente escolar, porém, devido ao aumento de casos, a prática passou a ser vista de outra forma. De acordo com uma pesquisa feita pela UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) o número de crianças assediadas cresce com o passar dos anos e mundialmente falando os casos chegam a 130 milhões e foi comprovado que a faixa etária mais atingida tem sido dos 11 aos 19 anos.

Segundo a UNICEF um dos motivos para o crescimento da violência infantil é que ela é considerada como necessária no período da infância e adolescência, pois pode ser entendida como forma de amadurecimento. Outro fator é a aceitação do bullying devido à proximidade entre o autor do assédio e a vítima, além disso a agência considera que muitos casos não são denunciados por conta da vergonha e até mesmo do medo de represálias.

No Brasil, 43% de meninos e meninas do 6º ano (11 e 12 anos) disseram que sofreram bullying nos últimos meses. Eles foram roubados, insultados, ameaçados, agredidos fisicamente ou maltratados, afirma a UNICEF. De acordo com o IBGE, há no Brasil, três capitais em que o bulliyng é mais recorrente: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba. Dentre elas, Brasília é a campeã, com 35,6% do casos.

Outra pesquisa feita por uma estudante de pós-graduação da Universidade dos Rio dos Sinos, possibilitou uma análise das vítimas e agressores dentro do processo do bullying e suas consequências. Um dos objetos de estudo da pesquisa foram as habilidades sociais como por exemplo, empatia, assertividade, autocontrole, responsabilidade e cooperação. A partir da tese da estudante foi possível compreender a que o assédio pode prejudicar o desenvolvimento de tais habilidades e aqueles que possuem poucas são principais alvos dos assédios.

O bullying pode ser observado tanto por meio de agressões físicas ou psicológicas, e em muitas ocorrências, referentes às psicológicas, as ofensas são relacionadas a aparência das vítimas. Foi o que aconteceu com Miguel, de sete anos. A mãe afirma que uma colega de sala zombava dele chamando-o de gordo e nunca por seu nome,. Ela também relata que após sofrer assédio o filho começou a perder o apetite e até mesmo se afastar dos familiares. “Me senti mal, preocupada com o futuro dele, e por ele chegar a fazer o mesmo com outras crianças, é uma sensação horrível”, relata a mãe de Miguel.

Outro caso que exemplifica a agressão física é o das gêmeas Nicole e Milena, que sofreram com a violência por parte também de uma colega de turma, a mãe das meninas alega que passou a observar machucados em suas filhas frequentemente e depois de uma conversa descobriu o acontecimento.

A psicóloga Rebeca Stefany afirma que o bullying ainda é tido como “tabu” no meio social e que esse não deveria ser um tema do qual das pessoas tenham receio em falar. Para ela, talvez sejam essas algumas das causas do aumento dos índices. Algumas famílias e até mesmo educadores veem o bullying como uma - brincadeira de criança - mas nunca foi e nunca vai ser. Quando você exclui uma pessoa, quando você coloca apelidos, bate ou tem qualquer atitude que ofenda ou discrimine uma pessoa pelo fato dela ser diferente é bullying e o assunto precisa ser falado e tratado, seja nas escolas, seja em casa, seja na rua”A psicóloga concorda que outra forma de combate o AMI (Assédio Moral Infanto-Juvenil) que é como apPsicologia define o bullying, seria a união entre família e escola. “Temos que trabalhar na formação das crianças desde o início. Não apenas em casa, mas também na educação escolar”.

O aumento dos casos e os seus reflexos na sociedade tornaram-se algo alarmante, o que passou a chamar atenção do Governo fazendo com que autoridades busquem meios que possibilitem a luta contra essa violência. Além da lei instituída pela ex-presidente Dilma Rousseff, Lei do Programa de Controle e Intimidação Sistêmica, o MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal) tem oferecido atendimento à famílias e educadores. O pedido de ajuda pode ser feito pela ouvidoria do órgão ou por e-mail. Recentemente o Senado Federal, aprovou um projeto de lei que promoverá algumas alterações na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), influenciando todas as escolas nacionais a implantarem em seus ambientes escolares a conscientização contra o bullying e qualquer outro tipo de violência.

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